1492. Os espanhóis comemoravam o acontecimento mais importante do ano: a expulsão dos muçulmanos do solo ibérico. Granada, último reduto muçulmano, havia sido tomada. Era a vitória de um cristianismo triunfante. A guerra servia para selar a união dos castelhanos contra os islâmicos. Nela, a religiosidade medieval se misturava ao nascente Estado espanhol. O ano de 1492 foi marcado também pela "descoberta" da América, cuja importância , porém, só seria reconhecida com o correr do tempo . Se a exaltação do sentimento cristão é fundamental para entender o período , não podemos desprezar o afã do lucro, a ambição pessoal de enriquecer e conseguir um prestígio duradouro. Foi nessa busca , de ouro e prestígio, que partiu Cristóvão Colombo. Pouco antes , Hernando de Talavera , confessor da rainha Isabel, implorava que ela desistisse da expedição , lembrando-lhe que estaria desafiando os limites fixados por Deus para a expansão e desviando os cristãos de sua tarefa mais importante : a reconquista da Terra Santa , Jerusalém. No dia 12 de outubro daquele ano, Colombo chegou onde acreditava ser a extremidade da costa asiática , quando , na verdade , atingira a ilha de Guanani (San Salvador), nas Bahamas. Em 26 de dezembro , Colombo escreveu em seu diário que, naquelas terras , seria encontrado o ouro que serviria para a reconquista da Terra Santa. Na viagem de volta , em março de 1493, uma tempestade arrastou sua caravela até Lisboa, de onde partiria , sete anos depois, a expedição de Pedro Álvares Cabral rumo às terras americanas.
