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Ecoturismo


O ecoturismo é o segmento de turismo que mais cresce no mundo. Representa hoje 8% do mercado global . No Brasil , onde existem cerca de 200 agências de ecoturismo, o crescimento é de 30% ao ano. A maioria do público das agências de ecoturismo tem entre 24 e 35 anos, é formada por solteiros com curso superior ; 75% são mulheres. Por que esse crescimento ocorre e quais são as diferenças básicas entre o ecoturismo convencional? O ecoturismo é necessariamente uma atividade de baixo impacto ambiental. O turista procura satisfazer necessidades legítimas de repouso, diversão , recreação e cura, além das necessidades intelectuais, espirituais e de conhecimento. De fato, a natureza oferece tudo isto.
Mas, quando observamos o perfil do ecoturista brasileiro , percebemos que , para ele , muitas vezes a natureza é apenas um objeto a ser vendido , e não usufruído. Nas unidades de conservação (UCs), em geral , e em particular naquelas onde há florestas tropicais, tem-se trabalhado o ecoturismo relacionando-o à educação ambiental. Muitas estratégias  desenvolvidas em programas de educação ambiental, como visitas monitoradas , palestras de campo, exibição de filmes etc., têm sido adaptadas a roteiros turísticos. Uma avaliação preliminar das prioridades para a implantação de UCs mostra forte tendência em priorizar a política de visitação , agora também chamada de ecoturismo. Alguns problemas surgem de imediato. Por exemplo, muitos planos de manejo malfeitor acabam sendo a base conceitual e espacial para a implantação da atividade turística. Outro problema, ainda mais grave , é que a visitação tem se tornado uma importante fonte de renda para as UCs, que contam com orçamentos exíguos, e isso poderá desencadear um processo de mercantilização do ecoturismo indesejável e predatório. Um aspecto igualmente importante e que desvirtua conceitualmente os objetivos do ecoturismo é a visitação desordenada e sem fundamentação ecológica. Pela lei, os parques devem ter um programa de turismo , mas muitos dos planos de manejo de parques e de outras áreas protegidas não desenvolveram adequadamente e com profundidade os planos turísticos. A situação do ecoturismo no Brasil só não se torna totalmente caótica porque muitas UCs não apresentam em seu perímetro  paisagens de interesse da indústria do turismo. As florestas tropicais ainda motivam a visitação de uma parcela pequena de turistas.
Aliás, em muitos projetos de UCs. deliberadamente se evitou incluir áreas com esse potencial , justamente para evitar conflitos com os interesses especulativos. Outro problema enfrentado para a formulação de estratégias conservacionistas para as florestas tropicais é sua precária implantação. Frequentemente , a realidade atropela o plano e , na verdade , os instrumentos de manejo acabam consagrando o turismo predatório , aplicando apenas alguma maquiagem, como , por exemplo, melhorando a infra-estrutura de recepção ao turista. O ecoturismo é, sem dúvida , uma atividade compatível com a conservação ambiental , desde que não se percam de vista os cuidados necessários para a sua prática.

(FURLAN, Sueli Angelo e NUCCI, João Carlos. A conservação das florestas tropicais. São paulo , Atual , 1999, p . 101-102.)

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