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Legitimação e Propaganda


A legitimação o regime era buscada por meio da idéia de que entre o presidente e as massas trabalhadoras não deveria haver nenhuma intermediação. Assim, por exemplo, a relação direta e "próxima" entre Vargas e o povo justificava o fechamento do Poder Legislativo e a ofensiva contra os poderes oligárquicos. Em 1939, com o objetivo de garantir tal proximidade, foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) , responsável por controlar os meios de comunicação e promover a propaganda do regime , o que incluía censura a todas as manifestações  artísticas e jornalísticas , promoção de manifestações cívicas e concursos musicais , estímulo à produção de filmes nacionais e aproveitamento sistemático do programa Hora do Brasil, que desde 1934 era irradiado para todo o país por todas as emissoras de rádio entre 19 e 20 horas.  Além de notícias políticas e de informações , a Hora do Brasil transmitia músicas dos cantores mais populares da época , como Francisco Alves e Carmem Miranda , e discursos de Getúlio Vargas e do ministro do Trabalho. O programa representava o reconhecimento da existência da classe trabalhadora e de suas questões sociais. Quase todas as noites , através das ondas do rádio , Vargas penetrava os lares brasileiros. No país marcado pelo "você sabe com quem está falando?" , isso era inovador. A voz do presidente era conhecida por grande parte da população com quem está falando?", isso era inovador. A voz do presidente era conhecida por grande parte da população brasileira, acostumada, até então, a ser completamente ignorada por sua elite dirigente. O conteúdo das mensagens alterava-se ao sabor dos acontecimentos , mas um sentido era fixado: esse presidente importava-se com o povo. Em grandes comícios e desfiles, trabalhadores carregavam bandeiras brasileiras e estandartes com o retrato de Vargas. A cerimônia cívica ritualizava o compromisso entre o presidente , "pai da nação" e os trabalhadores , seus "filhos mais pobres". Nessa "comunhão" emergia o Estado , um verdadeiro corpo místico onde não deveria haver disputas entre seus órgãos e membros. Acima dos indivíduos e interesses de classes, deveriam prevalecer os interesses nacionais e a vontade de seu líder. Essas inovações das práticas políticas devem ser creditadas tanto à sensibilidade pessoal de Getúlio quanto às condições gerais que cercaram o Brasil pós -1930. O "vazio de poder" e a instabilidade verificada nos primeiros anos desse período foi solucionada com o crescente fortalecimento do presidente. As massas populares eram convocadas para o jogo político, legitimando e fortalecendo o poder de Getúlio Vargas . Clientes de suas doações e benefícios , elas eram controladas a partir de duras medidas repressivas e pelo prestígio de seu líder , que imobilizava as iniciativas autônomas. A legitimação junto às massas conferia poder e estabilidade ao Estado Novo. O golpe de 1937 marcou o fim da transição do Estado oligárquico , característico das das primeiras décadas da República (1889 e 1930) , para o Estado POPULISTA,que dominaria a vida da nação de 1930 até 1964. O enfraquecimento do poder político das oligarquias registrara-se simultaneamente à crescente incorporação da classe trabalhadora ao jogo político e à ampliação do Poder Executivo. O poder Legislativo , espaço privilegiado da expressão oligárquica , permaneceu fechado provisoriamente de 1930 a 1933 , funcionou sob medidas de exceção (estado de sítio e estado de guerra) de 1935 a 1937 e ficou completamente desativado o Estado Novo até 1945. Numa significativa cerimônia , em dezembro de 1937 o presidente assistiu à queima e destruição das bandeiras estaduais   e ao hasteamento do pavilhão nacional no Rio de Janeiro. Foi uma espécie de ritual fúnebre do Estado Oligárquico e pregado nas repartições públicas , representava o próprio Estado brasileiro. Mas esse era agora um novo Estado.

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