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Diplomonadidas e Parabasálias



Na linhagem dos organismos heterótrofos resultantes apenas da endossimbiose que originou as mitocôndrias , houve em alguns grupos modificações nessas organelas e elas deixaram de realizar a respiração. Foi o que ocorreu nos diplomo-nadidas e parabasálias. Nesses grupos , há dois tipos de organelas derivadas de mitocôndrias : os hidrogenossomos e os mitossomos. Essas organelas são delimitadas por membrana dupla , assim como as mitocôndrias , mas não possuem DNA. São pequenas e só recentemente foram reconhecidas e estudadas , havendo muitas dúvidas sobre o papel delas nas células. O que se sabe por enquanto é que hidrogenossomos geram ATP de forma anaeróbia a partir do piruvato e liberam gás hidrogênio, por isso o nome , e que mitossomas são capazes de realizar a maturação de proteínas que contém ferro e enxofre , e de produzir quantidade de ATP. Os diplomonadidas possuem mitossomos , e o exemplo mais importante para a saúde humana é a Giardia Intestinales , parasita intestinal responsável pela giardíase. Essa doença afeta principalmente o intestino delgado , provocando diarreia e dores abdominais. A transmissão é feita pela ingestão de alimentos ou água contaminados com cistos de giárdia. Como medidas profiláticas , estão o saneamento básico , lavar frutas e verduras antes de ingerir e beber água tratada. Os parabasálias possuem hidrogenossomos e os exemplos mais importantes  dentro desse grupo são:

-Triconinfas (Trichonympha) , que vivem em mutualismo no intestino de insetos comedores de madeira , como é o caso dos cupins ; esses protistas locomovem-se por meio de muitos flagelos e fagocitam os fragmentos de madeira ingeridos pelo inseto ; digerem a celulose graças a bactérias simbiontes que vivem em seu citoplasma. 
-Trichomonas Vaginalis , que causa a tricomoníase , doença sexualmente transmissível de ampla ocorrência , afetando cerca de 170 milhões de pessoas no mundo. Além do contato sexual, a transmissão pode ocorrer pelo uso de sanitários e banheiras sem condições de higiene ; e pelo uso de toalhas úmidas contaminadas por tricomonas .    Afeta o sistema genital; nos homens causa infecções uretais e nas mulheres , infecções vaginais. As medidas profiláticas para evitar a tricomoníase são : usar camisinha nas relações sexuais, evitar banheiros sem condições de higiene , não usar toalhas de outras pessoas se não estiverem adequadamente levadas.


Aplicações da Engenharia Genética: Clonagem do DNA e Construção do DNA Recombinante


Para formar um DNA recombinante , usamos enzimas de restrição para cortar pontos específicos no DNA de um organismo e transplantar o pedaço cortado para outro organismo diferente. Esse organismo passa a fazer várias cópias idênticas do DNA estranho. As bactérias possuem , além do DNA principal, um pequeno DNA circular , chamado de plasmídeo, no qual estão , com frequência , genes que dão a elas resistência a antibióticos. No processo para formar um DNA recombinante , é comum utilizarmos o plasmídeo. Ele tem apenas uma cópia para cada tipo de sequência de reconhecimento da enzima de restrição, ele não se fragmenta, apenas abre o anel de DNA onde está a sequência de reconhecimento. Isso permite que, nesse local, se introduza um fragmento de DNA de outra espécie , mantendo a integridade do plasmídeo. Esse fragmento de DNA estranho, que pode ser de uma célula humana e responsável por determinada proteína , deve ser obtido com a mesma enzima de restrição, pois , assim , suas extremidades serão complementares às do plasmídeo cortado. Depois que recebe o fragmento de DNA humano, o plasmídeo torna-se um DNA recombinante , isto é , uma molécula formada pela união de duas ou mais moléculas de DNA não encontradas juntas na natureza , e é introduzido na bactéria , que passa a produzir , por exemplo, uma proteína humana. Quando a bactéria se reproduz , o DNA recombinante também se replica e passa para as novas bactérias. Esse processo de produção de cópias idênticas de DNA é chamado clonagem de DNA , Clonagem molecular ou clonagem gênica. O resultado é a formação de uma colônia de bactérias capazes de sintetizar substâncias úteis ao ser humano. Como é relativamente simples manter a bactéria se reproduzindo em laboratório , é possível produzir essas substâncias em escala comercial. Um exemplo é a produção de insulina , hormônio secretado pelo pâncreas que controla a utilização de glicose pela célula. Os indivíduos portadores de diabete tipo I não produzem esse hormônio e , por isso , apresentam deficiência na utilização da glicose , com sérias consequências para a saúde. Antes da engenharia genética , a insulina utilizada pelos diabéticos era de origem suína e bovina , mas uma desvantagem desse processo é o tempo para produção e purificação do hormônio, pois eram necessárias toneladas de pâncreas de porcos e bois para garantir a produção dessa substância para uso comercial. Além disso, como não é exatamente igual ao humano, ele pode provocar reação alérgica em alguns pacientes. Além da insulina , são produzidos hormônios, como o hormônio do crescimento , a eritropoetina (que estimula a produção de glóbulos vermelhos), diversos tipos de vacina , como a contra a hepatite B, o interferon, que combate infecções virais, e outros medicamentos e fatores coagulantes para pessoas portadoras de hemofilia , doença genética em que faltam fatores que atuam na coagulação do sangue. Esses fatores podem ser obtidos do plasma , mas , além de serem um recurso limitado, têm de passar por processos para eliminar possíveis vírus. Os fatores obtidos por engenharia genética estão livres da contaminação por vírus que podem estar presentes no plasma humano. Organismos nos quais se tenha introduzido DNA de outra espécie ou DNA modificado da mesma espécie são chamados organismos geneticamente modificados (OGM) ou transgênicos. As bactérias com o DNA recombinante são um exemplo de transgênicos. Hoje em dia, além de bactérias, há também muitos animais e plantas transgênicos. Em alguns casos, os vírus são usados como vetores , visto que penetram na célula hospedeira com facilidade. Há várias técnicas para se introduzir um gene em uma célula: ela pode ser infectada com vírus que levam o gene em questão; com micropipetas que perfuram a membrana e injetam o gene na célula; com uma espécie de "canhão" de genes que atira partículas microscópicas de ouro ou tungstênio com moléculas de DNA aderidas à superfície dessas partículas (técnica conhecida como biobalística); com auxílio da Agrobacterium Tumefaciens, bactéria que tem capacidade natural de transferir parte de seu material genético para o genoma de algumas plantas. Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, introduziram um gene de ervilha em células e eucalipto e criaram um eucalipto transgênico , para que a nova planta produza mais biomassa e , portanto, mais celulose.


O Controle Genético


 O corpo humano , como o dos demais organismos pluricelulares , acha-se formado por grande número de células, cada uma delas provida do mesmo complemento de cromossomos e , consequentemente , de genes encontrados em todas as outras células do mesmo organismo. Não obstante, as proteínas produzidas por estas células são, frequentemente, muito diversas. As células do lobo anterior da hipófise produzem o FSH e o LH (hormônios conhecidos como gonadotropinas); as células alfa das ilhotas de Langerhans (no pâncreas) elaboram o glucagon , enquanto no mesmo órgão as células beta , ainda nas ilhotas de Langerhans , produzem a insulina; as células da linhagem vermelha nos órgãos hemotopoéticos (as que vão originar as hemácias ) produzem a hemoglobina, enquanto as que vão originar leucócitos não a produzem. A produção de outras substâncias, como  a melanina , o colágeno ou fibrinogênio , que ocorre em células de um determinado tecido, num certo ponto do corpo, não ocorre em células de outros tecidos , em outros pontos do corpo. É evidente que nem todos os genes estão atuando em todos os momentos em todas as células do corpo. Em cada tecido ou em cada região do corpo , as células têm grupos de genes atuantes e grupos de genes em "recesso" (não operantes). O mecanismo que dirige a ação dos genes e permite que alguns atuem enquanto outros se mantêm inativos se relaciona estreitamente com os problemas da diferenciação celular e com o desenvolvimento. Os genes descritos nas lições desta página , quando estudamos Genética, são os que atuam como modelos para a formação dos RNAm e são, através da "transcrição" e da "tradução" do código genético , os responsáveis pela formação de polipeptídeos. Habitualmente , as proteínas assim formadas são enzimas de cuja ação resultarão as manifestações fenotípicas dos caracteres hereditários considerados. Os genes que se comportam segundo esse modelo são denominados genes estruturais.  O fato de que todos os genes estruturais não funcionam de modo contínuo supõe a existência de mecanismos reguladores. Admite-se que existem , pelo menos , dois tipos de genes não estruturais que devem controlar a ação dos genes estruturais (Jacob e Monod , 1965) - os genes operadores e os genes reguladores. Sabe-se , também, que substâncias produzidas pela célula , pela atividade de outros genes , ou vindas do exterior, podem inibir ou incentivar a ação de determinado gene. Assim, um gene operador deve ter por função estimular e controlar a intensidade de funcionamento do seu gene estrutural. Ao conjunto do gene estrutural com o seu respectivo operador dá-se o nome de óperon. Cada gene operador só age sobre o gene estrutural que lhe está próximo , no mesmo cromossomo, não tendo nenhuma participação sobre o seu alelo , no cromossomo homólogo.  O gene operador é controlado, por sua vez , por uma substância - o repressor-, provavelmente uma proteína , cuja produção é determinada pelo gene regulador. Segundo Jacob e Monod, o gene regulador  induz a produção do repressor, que bloqueia o gene operador. Assim, óperon fica bloqueado e o caráter não se manifesta. Logo , o gene regulador de modo negativo. Mas ele também pode ser inibido. Quando isso ocorre, o gene operador fica livre para agir sobre o seu respectivo gene estrutural. Nessa circunstância , este último passa a transcrever o seu código genético para moléculas de RNA-mensageiro, cuja tradução no citoplasma levará à síntese de proteínas que responderão pela manifestação do caráter em foco.


Reprodução Sexuada


O que caracteriza essencialmente a reprodução sexuada é a sua ocorrência à custa de células essencialmente formadas para a finalidade reprodutiva, chamadas gametas . Essas células são produzidas por órgãos apropriados conhecidos como gônadas. A castração do indivíduo , isto é , a extirpação das duas gônadas, torna-o incapaz definitivamente para a reprodução sexuada. As gônadas masculinas são chamadas testículos. Nas fêmeas, gônadas são chamadas ovários.  Nós veremos a seguir que, em certos casos , pode haver o desenvolvimento de um novo indivíduo a partir de um único gameta . Nesses casos , não há fecundação, isto é , a união de um gameta masculino com um feminino. Mas a regra geral nos processos sexuados de reprodução é  a união de dois gametas de sexos opostos. A reprodução sexuada veio constituir um avanço ou aperfeiçoamento funcional no mecanismo da evolução das espécies. Na formação dos gametas ocorre , quase sempre, uma meiose . Durante há crossing-over ou entre-lançamento de cromossomos um permuta de genes. Disso resulta uma recombinação gênica nos gametas . Como se isso não fosse suficiente , há ainda a fusão dos gametas sexualmente opostos, cada um deles trazendo uma "programação genética" especial. Ao fim desta sequência de fatos, o novo indivíduo que se vai formar possuirá uma combinação de genes bem peculiar e que dificilmente se repetirá , em sua totalidade , em outro indivíduo da mesma espécie. Daí  podermos concluir que, numa dada espécie , os indivíduos não são geneticamente iguai. Há uma extraordinária recombinação nos caracteres dos mais diversos indivíduos de uma dada população. Isso caracteriza a variabilidade das espécies de reprodução sexuada , o que não ocorre com as espécies de reprodução assexuada. Na reprodução sexuada , por formar indivíduos geneticamente diferentes , oferece uma condição de maior estabilidade para as espécies. Imagine um fator prejudicial ou de destruição (um vírus , por exemplo) que ataque uma população de indivíduos geneticamente iguais (decorrentes de reprodução assexuada) a todos sensíveis à ação desse fator destrutivo. Toda a população de indivíduos geneticamente diferentes , o ataque por um fator de destruição certamente não matará todos os indivíduos. Sempre existirão alguns mais resistentes que não serão atingidos e , sobreviventes , atuarão como perpetuadores da espécie.


A Respiração Nos Vegetais


Tal como os animais , os vegetais são também seres vivos. Por essa razão , também respiram. Uma planta absorve constantemente oxigênio do ar e elimina dióxido de carbono , ainda que durante o dia esse fenômeno não seja facilmente identificável , pois , em presença da luz, as plantas realizam a fotossíntese, que "encobre" a respiração. Você deve lembrar-se que, durante a fotossíntese , o vegetal absorve dióxido de carbono e elimina oxigênio (exatamente o contrário da respiração). No correr do dia, observamos nas plantas a ocorrência dos dois fenômenos opostos ao mesmo tempo. Mas a fotossíntese é mais intensa do que a respiração. No escuro , a respiração fica mais notável. Para demonstrar a respiração nos vegetais , podemos preparar a seguinte experiência:

1-Tomamos duas campânulas de vidro de igual tamanho; Debaixo de cada uma , colocamos um pequeno recipiente (cuba) contendo água de cal, isto é , uma solução aquosa de Ca (OH)2 (Hidróxido de Cálcio); 3- Debaixo de apenas uma das campânulas , colocamos um vaso com material impermeável , para impedir a eliminação de CO2 decorrente de putrefações ou fermentações provocadas por microrganismos que ali proliferam). O conjunto deve ser mantido no escuro durante várias horas. Passando esse tempo, vamos examinar as cubas contendo a água de cal. Certamente , vamos encontrar o líquido turvo em ambas as cubas. Essa turvação ocorre sempre que se mistura Co2 com Ca(OH)2, pois essas substâncias reagem entre si e formam o CaCo3 (carbonato de cálcio, que é o responsável pela turvação da água de cal). Aí surge uma pergunta: por que a água de cal ficou turva nas duas cubas , se em apenas uma das campânulas havia uma planta? Nesta campânula , a turvação se explica facilmente , pois houve liberação de CO2 pela respiração do vegetal. Mas , e na outra campânula? Não se esqueça de que o ar atmosférico encerra uma certa quantidade de CO2 . Quando você colocou a segunda campânula , não retirou o ar que ali havia. Por isso , o CO2 ali existente se combinou com o hidróxido de cálcio e deu, também , carbonato de cálcio , ainda que em menor quantidade. Se você quiser comprovar a eliminação do dióxido de carbono por uma planta num meio ambiente destituído desse gás , poderá , então , fazer outra experiência , usando o tubo de Liebig . Esse tubo é bem característico , mostrado na figura 1.31 com a indicação TL, contém potassa cáustica para fixar o dióxido de carbono do ar. O papel do vaso B é o de provocar a aspiração (sucção) do ar contido em todo o sistema quando a sua água começa a escoar. O frasco A serve para "testemunhar" que a potassa do tubo de Liebig fixou todo o gás carbônico que por ali passou. De fato, a água de cal do frasco A não vai se turvar quando o ar proveniente do tubo de Liebig por ali passar. Logo , teremos a certeza de que o ar que entra na campânula de vidro não contém CO2. A seguir , abrimos a torneira do vaso B . A água nele contida se escoa rapidamente . Isso provoca a rarefação do ar dentro desse frasco A não vai se turvar quando o ar proveniente do tubo de Liebig por ali passar. Logo, teremos a certeza de que o ar que entra na campânula de vidro não contém CO2. A seguir , abrimos a torneira do vaso B. A água nele contida se escoa rapidamente. Isso provoca a rarefação do ar dentro desse frasco. Em consequência, o ar contido em todo o sistema é "sugado" para o vaso B, passando pelo tubo de Liebig, pelo frasco A, pela campânula com a planta e pelo frasco A'. Ao borbulhar no frasco A , o ar provoca turvação da água de cal. Ora , como o ar que chega à campânula que cobre a planta não contem CO2 e o que dela sai o possui , a conclusão que se pode tirar é que o gás que sai da campânula e turva a água de cal do frasco A' foi eliminado pelo vegetal. É conveniente ressaltar que a respiração se faz por todas as partes de uma planta , isto é , pelas raízes , pelo caule e pelas folhas , se bem que seja muito mais intensa por estas últimas. As raízes carecem de um solo arejado, fofo, onde o ar penetre com certa facilidade. Sobre isso , é bom lembrar o importante papel que as minhocas desempenham , cavando túneis no solo, por onde o ar entra mais facilmente . Em regiões pantanosas, as plantas emitem raízes especiais que mudam a direção normal do desenvolvimento , virando as pontas para cima e aflorando à superfície , em busca do oxigênio. Essas raízes respiratórias são chamadas pneumatóforos. Nos caules velhos, revestidos de tecido suberoso, encontram-se as lenticelas , que são órgãos de arejamento dos caules. Mas a maior das trocas gasosas que a planta realiza com o meio ambiente se faz através dos estômatos .


Algumas Utilizações Práticas da Clonagem Gênica



Produzidas por clonagem gênica , as milhares de cópias exatas de um mesmo fragmento da molécula de DNA de um organismo ficam disponíveis para identificação das sequências de bases e para outros trabalhos de Biologia molecular. Clonando-se dessa forma vários trechos das moléculas de DNA de uma espécie , é possível formar uma biblioteca de DNA. A produção de certos hormônios da espécie humana já tem sido realizada por meio de técnicas de clonagem como as descritas . É o caso da insulina e da somatotropina (hormônio de crescimento). A insulina é fundamental no metabolismo do açúcar , e sua síntese é determinada geneticamente. Hoje já é possível produzir insulina clonando o gene humano em bactérias e estimulando-o para que entre em atividade. Produzem-se , assim, quantidades consideráveis de insulina , posteriormente isolada e purificada para a utilização humana. Alguns indivíduos não têm o alelo para esse hormônio e, assim , não produzem insulina , o que desencadeia uma das formas da doença chamada diabetes. Nessa forma da doença , geralmente as pessoas precisam receber diariamente doses adequadas de insulina para ter uma vida normal. A insulina produzida por engenharia genética é idêntica à sintetizada pelo pâncreas humano, o que elimina o risco de qualquer reação alérgica pelo diabético , que antes só podia contar com a insulina extraída do pâncreas de ratos criados em laboratório ou de bois e procos obtidos em matadouros. A somatotropina é um hormônio responsável pelo crescimento do indivíduo , sendo produzido na hipófise . Na ausência ou insuficiência desse hormônio a criança não nasce adequadamente. O tratamento até há alguns anos era feito com a somatropina extraída de outros organismos. Atualmente esse hormônio é produzido por bactérias que recebem o gene humano da somatotropina e são clonadas em laboratório, de modo semelhante ao descrito para as bactérias produtoras da insulina.


Os Primeiros Experimentos de Mendel


 Uma das razões do sucesso de Mendel foi o material escolhido para suas pesquisas: a ervilha da espécie Pisum Sativum. Esse vegetal apresenta uma série de vantagens: é de fácil cultivo; produz muitas sementes e , consequentemente , grande número de descendentes ; a flor é hermafrodita e se reproduz por autofecundação, isto é , a parte masculina (estames) produz gametas que fecundarão a própria parte feminina (carpelos); pode-se conseguir fecundação cruzada, fazendo com que um flor cruze com outra de outro pé de ervilha. Além essas vantagens , a ervilha apresenta uma série de característica simples e contrastantes : a cor da semente é amarela ou verde , sem tonalidades intermediárias ; a forma da semente é lisa ou rugosa ; em relação à altura , ou a planta era muito alta , com 2 m ou mais , ou muito baixa , com menos de 0,5 m. O fato de Mendel ter analisado uma característica de cada vez , sem se preocupar com as demais , contribuiu para o sucesso de suas pesquisas. Antes dele, estudiosos que procuraram analisar simultaneamente todas as características de cada planta acabaram desorientados com a enorme variedade de combinações surgidas. Além disso, Mendel analisava sempre grande número de descendentes em cada geração para determinar a proporção com que cada tipo de característica aparecia . Evitava , assim , conclusões erradas , resultantes de simples coincidências.


Revoluções Clássicas (Revolução Inglesa / Revolução Americana)


 Quando falamos em revolução sempre nos vêm à mente os três grandes movimentos que ocorreram em países da Europa e nos Estados Unidos: As Revoluções Inglesa, Francesa e Americana. Movimento em que parte dos senhores de terras e comerciantes se insurgiram contra o poder absoluto do rei e de seus associados (principalmente a nobreza e o clero, que nada produziam). Iniciado em 1642 , tinha como objetivo limitar e condicionar  esse poder a determinar funções , impedindo o controle do comércio e da indústria e a criação de impostos pelo rei sem autorização do Parlamento. Após prolongado conflito civil , as forças políticas que lutavam contra o absolutismo derrubaram a monarquia em 1649 e proclamaram a República. Esse movimento tornou possível a eliminação dos últimos laços que prendiam os ingleses a uma sociedade feudal. A monarquia foi restaurada em 1660, mas rei e os nobres perderam os poderes anteriores. O Parlamento havia adquirido força política e dividia o poder com a monarquia . Era o grande passo para que o mercantilismo se expandisse e como consequência o processo de industrialização, que aconteceria no século seguinte. O fundamental nesse processo foi a implantação de uma série de direitos que hoje são considerados universais. Mas foi um movimento em um único país e alterou substancialmente a situação apenas em uma sociedade. Só posteriormente teve repercussão maior. Transcorreu em 1776, caracterizando-se como luta contra o colonialismo inglês em que não havia a intenção de alterar profundamente as relações sociais, nem de transformar a propriedade , nem tampouco de abolir a escravidão. Foi considerada uma revolução orque teve grande repercussão , principalmente nos países da América Latina , e seu ideário pregava a liberdade, ou seja, o rompimento dos laços coloniais.

Uma Nação De Profetas


"A maior parte dos ingleses de ambos os sexos ainda vivia , no século XVII, em um mundo mágico , no qual Deus e o demônio intervinham diariamente - um mundo de feiticeiras , fadas e encantamentos. Se fracassassem estes , ainda havia o toque pelas mãos do rei , eficaz na cura dos escrófulas. Arise Evans, nascido em 1607 , em Merionethshire , contava que os ladrões de seu tempo costumavam consultar astrólogos ou "advinhos" para saber se seriam ou não enforcados. A maior parte das aldeias tinha o seu 'curandeiro' , sua feiticeira especializada em magia branca : era mais barato recorrer a esses do que a um médico ou advogado. E . Se pensarmos um pouco em que mundo eles viviam , será fácil entender por que se considerava tão óbvio que houvesse interferências de ordem milagrosa na vida cotidiana . Nós acreditamos que o universo se rege por determinadas leis simplesmente porque hoje são mais raros do que no século XVII os 'os atos de Deus' . A generalização do sistema  de seguros , incluindo a previdência social , o aperfeiçoamento dos serviços médicos e em especial a prática da anestesia , o sim da peste , a construção de casas de alvenaria , menos sujeitas a incêndios , a alimentação do gado no inverno com forragens de entressafra , fazendo com que a primavera deixasse de ser uma estação em que se morria de fome - tudo isso transformou profundamente a rotina da vida. Porém no tempo de que tratamos a insegurança já tradicional na vida medieval , como a que afetou a indústria têxtil na década de 1620 , faziam intensificar-se a competição econômica ; as novas atitudes - expressas nos ditados 'de um home pode fazer o que quiser com o que tem' e 'cada um por si e Deus por todos' - destruíram o sistema de segurança social que funcionava na aldeia medieval. [...] A Reforma , a despeito de sua hostilidade à magia , estimulara o espírito de profecia. A abolição dos intermediários entre o homem e a divindade. Bem como a ênfase na consciência individual, deixavam Deus falar diretamente a seus eleitos. Era obrigação destes tonar conhecida a Sua Mensagem. E Deus não fazia acepção de pessoas : preferia falar a John Knox do que à sua rainha Maria Stuart da Escócia. [...] na Inglaterra , as décadas revolucionárias deram ampla difusão ao que praticamente constituía uma profissão nova - a do profeta , quer na qualidade de intérprete os astros , ou de mitos populares tradicionais , ou , ainda , da Bíblia . Por isso tem muita importância conseguirmos captar qual o papel das profecias na psicologia popular. [...] foi com um espírito científico que os intelectuais abordaram a profecia bíblica .  Isso foi feito por matemáticos e cronologistas , tais como Napier , Brigthman , Mede , Ussher e Newton. Esses homens acreditavam na possibilidade de se constituir uma ciência de profecia , assim como Hobbes acreditava na possibilidade de se fundar uma ciência da política. Ambas as esperanças se provaram irrealizáveis: mas nenhuma delas merece o nosso desprezo. Em meados do século XVII parecia haver-se alcançado um consenso , segundo o qual  acontecimentos notáveis se produziram na metade da década de 1650 a queda do Anticristo , e talvez a volta de Cristo e o advento do Milênio. Essa convicção sustentava a energia , a confiança e o utópico entusiasmo dos pregadores puritanos em começos da década de 1940. Com um otimismo ingênuo (como eles mesmos mais tarde reconheceram), apelaram então ao povo comum da Inglaterra para que travasse as batalhas do Senhor contra o Anticristo."

HILL, Christopher . O mundo de ponta-cabeça . São Paulo. Companhia das Letras , 1987. P. 99-105.


O Sebastianismo


Influenciado pela religiosidade missionária e militante jesuíta , D.
Sebastião assumiu o trono português em 1568, com 14 anos de idade. Sua
obsessão era combater os muçulmanos no Norte da África. Para tal
cruzada não poupou esforços nem deu atenção aos que desaconselhavam a
empreitada. Sua derrota e desaparecimento na batalha de
Alcácer-Quibir em 1578 alimentou ainda mais a mística em torno de sua
pessoa. Como nenhum sobrevivente reconheceu ter visto o rei ser morto
- se o fizesse seria imediatamente acusado de não tentar salvar a vida
de seu monarca -, disseminou-se a crença de que D. Sebastião
permanecia vivo. Estaria nas muitas versões que circulavam oralmente
em Portugal e seus domínios ultramarinos , presos pelos muçulmanos ou
por espanhóis , ou ainda , numa representação mais curiosa , escondido
por Deus, em companhia do lendário rei Artur na ilha mágica de Avalon
, de onde retornaria para restabelecer a ordem e dirigir Portugal rumo
ao seu destino glorioso. O rei desejado passava a rei encoberto. Na
verdade , a crença no rei encoberto vinculava-se a outras crenças
difundidas em Portugal havia muito tempo. Entre 1530 e 1540 foram
compostas algumas trovas por um sapateiro conhecido por Bandarra.
Cristão-novo da localidade de Trancoso , ele profetizava a vinda de um
rei encoberto , uma espécie de messias , que estabelecia a justiça e
inauguraria uma época de felicidades nunca vivida. Um verdadeiro reino
de Deus na Terra , à semelhança do que fora anunciado pelos profetas
bíblicos (principalmente Daniel) : a sucessão de cinco impérios por
toda a história da humanidade. Os quatro primeiros impérios
caracterizavam-se pelas perseguições aos seguidores de Deus. O quinto
império seria a recompensa dos justos e a punição dos pecadores. Por
mil anos, os crentes gozariam na Terra as delícias de Deus. Em razão
disso, costuma-se identificar a crença nesse reino de mil anos com a
denominação de milenarismo. A grande circulação das Trovas por todo o
reino levou a Inquisição a proibir Bandarra de tratar de temas
bíblicos e a condenar seus escritos por Judaísmo. Para o Tribunal do
Santo Ofício , o sapateiro estava " mais para ser ovelheiro que para
falar palavra alguma de razão natural", enquanto , para seus ouvintes
- cristãos-novos , judeus e gente do povo - , era um "grandíssimo
teólogo" e verdadeiro profeta. Tal proibição não inibiu as constantes
indagações sobre o "encoberto" e sobre o quinto império. O rei
encoberto poderia ser o Messias da tradição judaica , um novo Messias
ou o próprio Cristo , para os cristãos , ou D. Sebastião, que não
teria morrido e retornaria para trazer a glória aos lusitanos e
comandar o quinto império. Além dos setores populares , o
sebastianismo também foi acolhido por representantes da nobreza e de
letrados em Portugal. O neto do vice-rei da Índia, D. João de Castro ,
escreveu em 1603 a Paráfrase e Concordância de Algumas Profecias de
Bandarra , sapateiro de Trancoso. Procurava demonstrar , a partir da
Trovas , que D. Sebastião não estava morto e que os cristãos
portugueses deveriam aguardá-lo brevemente para livrá-los do julgo
espanhol. À medida que as dificuldades de Portugal aumentavam ,
sobretudo a partir de 1620, o sebastianismo proliferava , tornando-se
, ao longo dos anos , expressão dos sentimentos anticastelhanos e de
descontentamentos sociais. Em 1624, o cristão-novo Manuel Bocarro
Francês , ilustre matemático e astrólogo , tornava-se o primeiro
sebastianista a vincular as profecias do Bandarra à Casa de Bragança ,
anunciando em uma de suas obras poéticas que o rei encoberto seria D.
Teodósio. A Restauração de 1640 não diminuiu os ânimos
sebastianistas. Conduzida ao trono português , a Casa de Bragança foi
envolvida pela mística messiânica . D. João IV anunciado para os
portugueses como o rei encoberto e o Bandarra , considerado o profeto
da Restauração, tendo uma imagem sua colocada na Sé de Lisboa, como se
fosse um santo. O rei encoberto anunciado pelo sapateiro não seria
mais D. Sebastião, e sim o duque de Bragança. Nem mesmo a morte de D.
João IV pôs fim à crença messiânica. Vários outros monarcas e
príncipes portugueses foram investidos do papel de rei encoberto. No
começo do século XIX , com as tropas francesas de Napoleão Bonaparte
controlando o território português, panfletos animavam o povo
anunciando a vinda de D. Sebastião para realizar a libertação de
Portugal. Inúmeras manifestações sebastianistas podem ser
identificadas na história e na literatura luso-brasileiras. Tal
permanência levou o historiador português João Lúcio de Azevedo a
cunhar uma excelente definição do sebastianismo: "Nascido da dor,
nutrindo-se na esperança, ele é na história o que é na poesia a
saudade , uma feição inseparável da alma portuguesa".


Os Sistemas Vasculares Do Coração- A Circulação Linfática


O átrio direito se comunica com o ventrículo direito através da válvula tricúspide, enquanto o átrio esquerdo se comunica com o ventrículo esquerdo por meio da válvula mitral ou bicúspide. A primeira delas possui três valvas (pequeninas bolsas membranosas que permitem a passagem do sangue  apenas num sentido), ao passo que a segunda possui somente duas valvas (essa é a razão dos nomes tricúspide e bicúspide). Durante a sístole das aurículas ou átrios , as válvulas permitem o fluxo do sangue para os ventrículo. Ocorre , então, a diástole ventricular. Mas, logo em seguida , os ventrículos entram em sístole . As válvulas tricúspide e mitral inflam suas valvas , como pára-quedas , fechando-se e impedindo o refluxo do sangue para os átrios .  Com a sístole  ventricular , o sangue é projetado para os grandes vasos que partem dos ventrículos, ou seja, a aorta (do lado esquerdo) e a artéria pulmonar (do lado direito). Na origem desses vasos, junto aos ventrículos , também existem válvulas - as válvulas sigmóides (válvula aórtica , do lado esquerdo , e válvula pulmonar , do lado direito). Assim, o sangue não pode mais retornar aos ventrículos depois que deles saiu. As artérias aorta e pulmonar se cruzam nas suas bases. A aorta, nos mamíferos , faz uma curvatura- a crossa da aorta , ou cajado da aorta -, descendo pelo lado esquerdo  da coluna vertebral . Nas aves , ela se curva para a direita. Além da circulação sanguínea , o corpo é irrigado também pela circulação linfática . Ela é formada pelos vasos linfáticos, condutos que nascem ao nível dos tecidos , reúnem-se uns com os outros , formando vasos linfáticos mais grossos, e acabam se abrindo em determinados vasos sanguíneos. Todos os vasos linfáticos do organismo convergem para dois grandes troncos - o canal torácico , que se abre na veia subclávia esquerda, e a grande veia linfática , que termina na veia subclávia direita. Os vasos linfáticos conduzem a linfa , passando , em pontos estratégicos , pelo interior de gânglios linfáticos (onde há produção de leucócitos). A linfa, substância líquida que corre pelos vasos linfáticos, é formada de plasma e leucócitos que atravessaram a parede dos capilares e passaram para os tecidos adjacentes. Eles são recolhidos e transportados de volta para o sangue através da rede linfática. Os vasos linfáticos são dotados de válvulas que impedem o refluxo da linfa. Além disso, os movimentos do corpo provocam , pelas contrações musculares , " compressões" dos vasos linfáticos , ajudando a impedir a linfa sempre para a frente. A linfa tem por função o transporte de leucócitos (defesa orgânica) e de alguns nutrientes absorvidos no intestino.


Collor


O desgaste do PMDB junto à opinião e ficou evidente em novembro de 1989, quando finalmente foram realizadas as primeiras eleições presidenciais em quase 30 anos. Responsabilizado pela instabilidade política do  governo e pela greve crise econômica que o país atravessava, o candidato peemedebista Ulysses Guimarães , um  dos mais importantes líderes da oposição durante os anos da ditadura , recebeu uma votação inexpressiva , amargando o sétimo lugar no primeiro turno eleitoral. Dois candidatos  conseguiram canalizar as expectativas por mudanças  no país: o jovem ex-governador  de Alagoas , Fernando Collor de Mello, e o líder operário , Luís Inácio Lula da Silva, principal dirigente das greves de 1978 a 1980 no ABC. Collor lançou-se por uma coligação partidária praticamente inexpressiva , capitaneada pelo recém-fundado Partido da Renovação  Nacional (PRN). Ex-integrante do PDS, eleito  governador pelo PMDB em 1986, Collor recebeu inestimável ajuda da Rede Globo  de Televisão, que além de garantir-lhe a necessária exposição na mídia . Lula conseguiu a maior parte da esquerda (PT, PSB e PC do B), animada pelos sucessos obtidos nas eleições municipais de 1988. No segundo turno das eleições , o Brasil viveu uma impressionante polarização ideológica entre grupos de direita e esquerda. Ao lado de Collor ficaram os remanescentes do regime militar, os conservadores do PMDB e a imensa maioria do empresariado  e proprietários  de terras. Com Lula, além do PT , PSB  e PC do B , fecharam o PDT, o PCB , o PSDB e representantes dos movimentos populares e de direitos civis. Apresentando-se como o "caçador de marajás" - alusão a funcionários públicos de altos salários - e representante do "descamisados" , Collor conseguiu vencer as primeiras eleições diretas no Brasil em quase 30 anos . O último  presidente eleito havia sido Jânio, que prometera deixar a direita indignada e a esquerda perplexa. Collor procurou encarnar a modernidade e a esperança de justiça social. Em março de 1990 , o jovem presidente implementava o Plano Collor. Entre outras medidas , estabeleceu o confisco por 18 meses de recursos depositado em conta bancárias e cadernetas e poupança , e o congelamento de preços. O líder comunista Fidel Castro, que viera assistir à posse de Collor , não e conteve  ao saber das medidas : "Nem em Cuba fizemos isso". Mas , no Brasil , os grupos dominantes não só permitiram como até apoiaram  as investidas de Collor sobre suas próprias contas bancárias . A expropriação feita por um membro das elites era preferível ao risco" e uma expropriação  realizada por um líder operário . Em compensação , Collor iniciou um amplo programa de privatização de empresas estatais e abertura da economia brasileira ao capital internacional . A elite poderia , a partir de então , desfilar pelo país em carros importados , deixando de lado as "carroças"  nacionais.  Em 1992 , com enredo digno de um dramalhão mexicano , o irmão do presidente concedeu várias entrevistas à imprensa acusando Fernando Collor de farsante , corrupto , imoral e usuário de drogas. Num país onde as fronteiras entre o público e o privado não  são declaradamente definida , as críticas ao comportamento administrativo do presidente não eram novas. A oposição , desde a campanha eleitoral , denunciava a farsa política  montada em torno do candidato . Após a posse , denúncias de corrupção  envolvendo o governo inundavam os noticiários quase diariamente . Mesmo assim, a credibilidade de Collor parecia não ser abalada. Ou melhor, sua falta e credibilidade era tolerada pela população. No entanto , quando as denúncias envolveram sua vida particular , a pretensa moralidade brasileira foi atingida. A indignação tomou conta do país  em 14 de agosto , numa sexta-feira , ocasião em que , diante das câmeras de TV, visivelmente alterado , Collor pediu que os brasileiros se vestissem com as cores da bandeira brasileira no domingo , em sinal de apoio ao presidente . Desde as primeira horas do dia 16 de agosto , por todo o país  sem que tivesse havido condições de planejamento e organização para qualquer ato público , milhares de brasileiros saíram às ruas . De preto. Nos dias seguintes , jovens estudantes  pintaram seus rostos de verde , amarelo e preto , e tomaram as ruas e avenidas das principais cidades do país , exigindo a queda do presidente e ética na política . Após uma série de comícios , negociações  e a abertura  (CPI) , votou-se o impeachment do presidente. Numa última cartada , Collor renunciou à presidência antes de sua cassação . Mesmo assim , teve seus direitos políticos suspensos por oito anos . O vice-presidente , Itamar Franco , assumiria o principal cargo dessa república que pode ironicamente ser considerada vice-presidencialista. 


Caatinga


A caatinga ocupa aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados (pouco mais de 11% do território brasileiro) e estende-se pelos estados no Nordeste (Piauí , Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia) e pelo norte Minas Gerais. Trata-se de uma zona quente e seca , de clima semi árido, com baixo índice pluviométrico e estações de seca prolongada. Na época das chuvas , a vegetação é verde. No período das secas a caatinga não tem folhas e seu aspecto é esbranquiçado ; daí o seu nome , que em tupi significa "mata branca". A vegetação está adaptada ao clima seco (Plantas Xerófilas) . É comum a família das cactáceas que inclui plantas , como o quipá. Existem também plantas grandes e arborescentes , como o mandacaru, o facheiro , a coroa-de-frade e o xiquexique. Destacam-se também a maniçoba , o marmeleiro, umbuzeiro, a barriguda e os ipês. A oiticica e o juazeiro caracterizam-se por não perderem suas duras folhas na época das secas. A baraúna , o pai-ferro, o sabiá e a aroeira são exemplos da boa madeira desse ecossistema. Não há grande variedade de espécies animais. Estão presentes alguns mamíferos , como o sagui-do-nordeste, o macaco-prego, o tatupeba, o mocó (Pequeno roedor), o gambá, o preá o caititu , o veado-catingueiro, a cutia e o tatu-bol, a ema, a seriema, a pomba-avoante e o galo-de-campina. Há também répteis - como calango, a jibóia e a cascavel - e anfíbios - como o sapo-cururu. Como os demais ecossistemas brasileiros, a caatinga também está ameaçada , restam 50% da vegetação original. Nela , o desmatamento leva rapidamente à desertificação . A construção de canais e açudes é importante porque permite regar pastos e plantações. A irrigação do solo ajudaria a aumentar a produção de milho, feijão , mandioca e algodão.


Características Literárias Da Terceira Geração Modernista Brasileira


Do ponto de vista literário , essa geração representa um retrocesso em relação às conquistas de 22 : ela propõe uma volta ao passado, com a revalorização  da rima, da métrica , do vocabulário erudito e das referências mitológicas. A geração de 45 é , nesse sentido, passadista , acadêmica , inexpressiva em termos de grandes autores e grandes obras , mesmo abordando temas contemporâneos. Por outro lado, coube a ela introduzir , muito positivamente , uma nova cultura internacional nas letras brasileiras. Autores como Rainer Maria Rilke , Ezra Pound , T.S. Eliot , Fernando Pessoa, Paul Valéry , Frederico Garcia Lorca influenciaram-na significativamente . Domingos Carvalho da Silva , Alphonsus de Guimarães Filho, Péricles Eugênio da Silva Ramos e Ledo Ivo constituem alguns dos principais representantes da geração de 45. Em contraposição a essa produção literária "passadista" , três grandes escritores se sobressaem: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector , na prosa, e João Cabral de Melo Neto , que chegou a pertencer à geração de 45 , na poesia. Além de praticarem a literatura como constante pesquisa de linguagem , como expressão artística caracterizada pela preocupação formal, estética, tais criadores têm em comum o senso do compromisso entre arte e realidade , o engajamento do escritor e de sua obra na vida social.   Assim, retomam a perspectiva nacionalista da primeira fase do Modernismo- a geração de 22 - e também a perspectiva universalista da segunda fase - a geração de 30. Os três autores podem ser considerados uma síntese de ambas as gerações, já que ao experimentalismo da primeira acrescentam a maturidade artística da segunda , unindo , também , nacionalismo e universalismo. A sutileza do elo entre a fala e o texto transfigurador das narrativas mitopoéticas de Guimarães Rosa, diálogo com as fronteiras do indizível nos romances e contos introspectivos de Clarice Lispector e a precisão arquitetônica , substantiva , da poesia de João Cabral retomam  e fecundam as experiências modernistas desenvolvidas no país.  Simultaneamente , podemos ver esses autores como alicerces de nossa produção literária contemporânea, seja na vertente mais ligada à exploração dos limites da palavra poética , exemplificada pela poesia concretista das décadas de 1950 e 1960 , seja na busca de engajamento , de uma perspectiva política explícita para a obra literária , encontrada em poetas como Ferreira Gullar (particularmente na fase inicial de sua obra), Thiago de Mello e muitos outros. Também entre contistas e romancistas da atualidade - como Lígia Fagundes Telles , José Cândido de Carvalho , Fernando Sabino , Murilo Rubião, Dalton Trevisan , Rubem Fonseca , Carlos Heitor Cony, Autran Dourado, Dionélio Machado e João Ubaldo Ribeiro - verificamos ressonâncias dos escritores de 45, especialmente por meio de uma ficção intimista que se ocupa em escavar os conflitos do homem em sociedade, tendo como horizonte provocar uma contínua reflexão, em seus inúmeros , sobre a vida moderna. A esses novos criadores - não podemos deixar de lembrar - somam-se daqueles que os  antecederam a que se tornaram vozes definitivas da literatura brasileira e universal. Manuel Bandeira , Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Graciliano Ramos constituem exemplo de menção imprescindível nesse rápido balanço de nossa produção literária moderna e contemporânea.


Os Embates Entre As Superpotências


Depois de 1949 , quando a URSS anunciou que também possuía a bomba atômica , um conflito aramado entre as duas superpotências implicaria a possibilidade de destruição mútua, assim como de boa parte do mundo. Por isso, os dois lados travaram uma disputa simbólica para a demonstração de poderio tecnológico e militar e deslocaram os embates armados às regiões periféricas do globo. Nesse sentido , a Guerra Fria  foi uma época de combates controlados , limitados e sufocados; intimidações militares ; intensa propaganda ; boicotes econômicos; guerras civis ; guerrilhas; revoltas e intrigas nacionais e internacionais. Ainda em 1949 , após o bloqueio de Berlim pelos soviéticos , foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) , que era uma aliança militar do Ocidente , um sistema comum de defesa com bases da Noruega ao Mediterrâneo , do Atlântico à Turquia . A maior carga da defesa militar , evidentemente , ficava com os americanos. Nesse mesmo ano, aconteceu a divisão definitiva da Alemanha e de sua capital , Berlim. No oeste , surgiu a República Federal da Alemanha, sob influencia capitalista e , no leste , a República Democrática Alemã, de orientação socialista. Berlim Ocidental ficou encravada , como uma ilha , na Alemanha Oriental. Mais tarde , para impedir a fuga para o Ocidente , o contrabando e o afluxo de moedas estrangeiras , que enfraqueciam a economia planificada , a Alemanha Oriental construiu o Muro de Berlim, em 1961. A espionagem ocupou um lugar central durante a Guerra Fria. Fornecer informações sobre inimigos e aliados , realizar contra espionagem e operações secretas e fomentar uma guerra psicológica estavam entre as funções da CIA, Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos , criada em 1947 , e da KGB , serviço secreto Da União Soviética , implementada em 1954. Reagindo à OTAN , no ano seguinte , foi estabelecido o Pacto de Varsóvia , aliança militar dos países socialistas sob tutela da URSS. Em 1950, após a vitória dos comunistas na China , ocorreu o primeiro grande conflito envolvendo diretamente uma superpotência. A Coreia do Norte, socialista , invadiu a Coréia do Sul, capitalista. Com medo da expansão do comunismo, os Estados Unidos, com o apoio da ONU , intervieram militarmente. A Guerra da Coreia durou até 1953 e , no final, houve um impasse e o país permaneceu dividido. Após a Revolução Cubana (1959) - de início , sem relações com a URSS - , Estados Unidos exerceram uma política externa ainda mais agressiva sobre a América Latina , a fim de impedir a ascensão ao poder de qualquer força política não alinhada com suas diretrizes. Em 1961, a CIA organizou uma invasão de exilados cubanos à Ilha. A operação fracassou , mas contribui para o estreitamento das relações entre Cuba e a União Soviética. Em 1962, a URSS planejou a instalação de bases de mísseis em Cuba . Os Estados Unidos , alarmados, ameaçaram dar início a uma guerra nuclear , caso os soviéticos não recuassem. 


Burocracia e Mudança


O mundo da burocracia - acumulado que está de "pequenas engrenagens, homenzinhos aferrados a seus mesquinhos postos e dedicados a disputar os melhores postos" - tende a transformar todos em homens que necessitam de "ordem" , que estremecem e se acovardam se por um momento esta "ordem" se transforma , que se sentem desamparados se são "privados de uma incorporação total a ela". Trata-se de um mundo que convida o tempo todo à integração em estruturas reducionistas , racionalizadoras e absorventes , cujos princípios de funcionamento , regras e ambientação - marcados pela hierarquia, pelo cálculo, pela rotina- não são propriamente favoráveis à mudança , embora sejam , como se sabe , extremamente favoráveis à reprodução extensiva da própria burocracia enquanto tal, insaciável em seu apetite "racionalizador".
[...] seja por sua própria natureza de corpo fechado, frio e impessoal, voltado inteiramente para sua autorreprodução , seja pelo peso que adquiriu no Estado e na sociedade moderna , a burocracia tende a ser um imponente polo de resistência à mudança , ou , no mínimo , um fator a ser contornado nos processos de mudança. [...] Justamente por estar cravada no coração mesmo do Estado , acumular um não desprezível poder e deter o controle de boa parte do processo normativo da sociedade , a burocracia é um protagonista estratégico de qualquer projeto de execução de uma mudança centralmente planejada ou induzida . 

-Nogueira, Marco Aurélio. As possibilidades da política. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1998.p.260.


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