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Características Literárias Da Terceira Geração Modernista Brasileira


Do ponto de vista literário , essa geração representa um retrocesso em relação às conquistas de 22 : ela propõe uma volta ao passado, com a revalorização  da rima, da métrica , do vocabulário erudito e das referências mitológicas. A geração de 45 é , nesse sentido, passadista , acadêmica , inexpressiva em termos de grandes autores e grandes obras , mesmo abordando temas contemporâneos. Por outro lado, coube a ela introduzir , muito positivamente , uma nova cultura internacional nas letras brasileiras. Autores como Rainer Maria Rilke , Ezra Pound , T.S. Eliot , Fernando Pessoa, Paul Valéry , Frederico Garcia Lorca influenciaram-na significativamente . Domingos Carvalho da Silva , Alphonsus de Guimarães Filho, Péricles Eugênio da Silva Ramos e Ledo Ivo constituem alguns dos principais representantes da geração de 45. Em contraposição a essa produção literária "passadista" , três grandes escritores se sobressaem: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector , na prosa, e João Cabral de Melo Neto , que chegou a pertencer à geração de 45 , na poesia. Além de praticarem a literatura como constante pesquisa de linguagem , como expressão artística caracterizada pela preocupação formal, estética, tais criadores têm em comum o senso do compromisso entre arte e realidade , o engajamento do escritor e de sua obra na vida social.   Assim, retomam a perspectiva nacionalista da primeira fase do Modernismo- a geração de 22 - e também a perspectiva universalista da segunda fase - a geração de 30. Os três autores podem ser considerados uma síntese de ambas as gerações, já que ao experimentalismo da primeira acrescentam a maturidade artística da segunda , unindo , também , nacionalismo e universalismo. A sutileza do elo entre a fala e o texto transfigurador das narrativas mitopoéticas de Guimarães Rosa, diálogo com as fronteiras do indizível nos romances e contos introspectivos de Clarice Lispector e a precisão arquitetônica , substantiva , da poesia de João Cabral retomam  e fecundam as experiências modernistas desenvolvidas no país.  Simultaneamente , podemos ver esses autores como alicerces de nossa produção literária contemporânea, seja na vertente mais ligada à exploração dos limites da palavra poética , exemplificada pela poesia concretista das décadas de 1950 e 1960 , seja na busca de engajamento , de uma perspectiva política explícita para a obra literária , encontrada em poetas como Ferreira Gullar (particularmente na fase inicial de sua obra), Thiago de Mello e muitos outros. Também entre contistas e romancistas da atualidade - como Lígia Fagundes Telles , José Cândido de Carvalho , Fernando Sabino , Murilo Rubião, Dalton Trevisan , Rubem Fonseca , Carlos Heitor Cony, Autran Dourado, Dionélio Machado e João Ubaldo Ribeiro - verificamos ressonâncias dos escritores de 45, especialmente por meio de uma ficção intimista que se ocupa em escavar os conflitos do homem em sociedade, tendo como horizonte provocar uma contínua reflexão, em seus inúmeros , sobre a vida moderna. A esses novos criadores - não podemos deixar de lembrar - somam-se daqueles que os  antecederam a que se tornaram vozes definitivas da literatura brasileira e universal. Manuel Bandeira , Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Graciliano Ramos constituem exemplo de menção imprescindível nesse rápido balanço de nossa produção literária moderna e contemporânea.


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